ANEEL divulga ranking 2024: Jaguari lidera, R$ 1,1 bi em compensações

ANEEL divulga ranking 2024: Jaguari lidera, R$ 1,1 bi em compensações

Quando ANEEL publicou, em abril de 2025, os resultados completos do desempenho das distribuidoras de energia elétrica em 2024, o país recebeu um diagnóstico detalhado sobre a continuidade do fornecimento de energia. Os números cobrem o período inteiro de janeiro a dezembro de 2024 e trazem três blocos principais: duração e frequência das interrupções, o ranking das concessionárias dividido em grandes e pequenas e o total de compensações – R$ 1,1 bilhão – devolvidos aos consumidores que tiveram seus direitos violados.

Visão geral dos resultados de 2024

Os indicadores‑chave, Duração Equivalente de Interrupção (DEC) e Frequência Equivalente de Interrupção (FEC), apontam melhoria. Em média, o consumidor ficou sem energia 10,24 horas no último ano, queda de 1,7% frente às 10,42 horas de 2023. Já a frequência de cortes caiu de 5,15 para 4,89 interrupções por consumidor, o que representa uma redução de 5%.

Importante lembrar que esses indicadores excluem eventos climáticos extremos – esses são contabilizados separadamente nos indicadores de Dias Críticos e Interrupções em Situação de Emergência (ISE).

Como a ANEEL calcula o desempenho

O cálculo parte do Desempenho Global de Continuidade (DGC), que cruza os valores de DEC e FEC com limites estabelecidos pela própria agência. Desde 2012, a ANEEL vem reduzindo esses limites, obrigando as concessionárias a buscar constante aprimoramento.

As penalidades e os incentivos são aplicados com base nessa métrica, tornando o ranking não só um placar de honra, mas também um instrumento regulatório que afeta diretamente a receita das empresas.

Distribuidoras de grande porte: quem se destacou

No grupo das grandes distribuidoras (mais de 400 mil consumidores), a Companhia Jaguari de Energia, operando sob a marca CPFL SANTA CRUZ em São Paulo, ficou em primeiro lugar. Em segundo, um empate técnico entre Energisa Paraíba – Distribuidora de Energia S.A. (EPB, PB) e Energisa Rondônia – Distribuidora de Energia S.A. (ERO, RO).

Entre as empresas que mais subiram no ranking, destacam‑se Neoenergia Brasília (+9 posições), CPFL Paulista (+7) e Neoenergia Elektro (+3).

Do outro lado, as que mais recuaram foram ENEL Distribuição Rio de Janeiro, ENEL Distribuição Ceará e Rio Grande Energia, todas com perda de seis posições.

Distribuidoras de menor porte: quem se destacou

Distribuidoras de menor porte: quem se destacou

Entre as concessionárias com até 400 mil consumidores, a Pacto Energia (antiga Força e Luz Coronel Vivida), sediada no Paraná, assumiu a liderança. Em segundo, ficou a Empresa Força e Luz João Cesa (EFLJC, SC) e em terceiro lugar a Muxfeldt Marin e Cia Ltda. (MUXENERGIA, RS).

O ranking geral ainda coloca no último escalão a Equatorial Goiás e a Companhia Estadual de Energia Elétrica (CEEE), que precisam reverter desempenho nas próximas avaliações.

Compensações e impactos para o consumidor

Somando todas as multas e ajustes, as distribuidoras pagaram R$ 1,1 bilhão em compensações aos consumidores que ultrapassaram os limites de DEC e FEC. Esse valor representa cerca de 0,07% da receita bruta do setor, mas tem significado real na conta de quem sofre falta de energia.

Especialistas apontam que a política de pagamento de compensações tem efeito dissuasório, mas também alertam para a necessidade de investimentos em infraestrutura, sobretudo em regiões onde as interrupções são mais frequentes.

De acordo com Dr. Carlos Almeida, analista do Instituto de Estudos Energéticos, "os números de 2024 mostram progresso, mas ainda há muita margem para melhorar a resiliência da rede, sobretudo frente a eventos climáticos cada vez mais intensos".

Perspectivas para o próximo ciclo regulatório

Perspectivas para o próximo ciclo regulatório

O próximo ciclo da ANEEL, 2025‑2029, deve trazer limites ainda mais exigentes para DEC e FEC, além de novos indicadores que considerem a qualidade do fornecimento em períodos críticos. As concessionárias já começam a planejar investimentos em redes inteligentes e projetos de geração distribuída para atender às metas.

Para o consumidor, o que muda? Mais transparência – a agência promete ampliar a divulgação dos dados em tempo real – e, possivelmente, novas regras de indenização para situações de emergência. O acompanhamento desses indicadores será crucial para avaliar se o esforço regulatório traduzirá menos apagões nas casas brasileiras.

Perguntas Frequentes

Como a redução de 1,7% no DEC afeta meu bolso?

A queda significa menos horas sem energia, o que reduz prejuízos com alimentos estragados, trabalho interrompido e ar‑condicionado desligado. Mesmo que a economia direta pareça pequena, o ganho de produtividade compensa rapidamente.

Quais foram as principais causas das distribuidoras que perderam posições?

Para ENEL Distribuição Rio de Janeiro e ENEL Distribuição Ceará, as análises apontam falhas na manutenção preventiva e atrasos na substituição de equipamentos críticos, além de um número maior de interrupções em áreas de alta densidade populacional.

O que são as compensações de R$ 1,1 bilhão e como são calculadas?

Sempre que a duração ou a frequência de falta de energia ultrapassa os limites estabelecidos pela ANEEL, a concessionária deve pagar ao consumidor uma indenização proporcional ao tempo sem energia. O total de R$ 1,1 bi reflete o somatório de todos esses pagamentos no ano de 2024.

Quais são as novidades esperadas para o ciclo regulatório 2025‑2029?

Além de limites mais rigorosos para DEC e FEC, a ANEEL pretende incluir métricas de resiliência a eventos climáticos, criar incentivos para redes inteligentes e expandir a obrigatoriedade de divulgação de dados em tempo real ao público.

Como posso acompanhar o desempenho da minha distribuidora?

O portal da ANEEL disponibiliza relatórios mensais e o ranking anual. Também é possível consultar aplicativos de medição de energia que, em parceria com a agência, exibem indicadores de interrupção em tempo real.

Autor
  1. Juuuliana Lara
    Juuuliana Lara

    Trabalho como jornalista especializada em notícias do dia a dia no Brasil. Escrever sobre os acontecimentos diários me traz grande satisfação. Além da escrita, adoro discutir e argumentar sobre o andamento das notícias no país.

    • 13 out, 2025
Comentários (1)
  1. joao teixeira
    joao teixeira

    Não é por acaso que a ANEEL soltou esse ranking agora, quase na mesma hora que o Governo começou a falar de renegociação de tarifas. Muitos acreditam que os números foram “ajustados” para favorecer quem tem contratos milionários nos bastidores. Se eu fosse vocês, ficaria de olho nas planilhas que eles não divulgam, porque a verdade costuma ficar escondida nos relatórios de auditoria interna. Até hoje eu não vi nenhum dado que provasse que as interrupções realmente caíram, só propaganda. A gente tem que desconfiar até que provem o contrário.

    • 13 outubro 2025
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