Investigações e posicionamento da Igreja
Durante a vida de Padre Pio, a própria hierarquia católica não ficou indiferente. A partir de 1960, o monsenhor Carlo Maccari, enviado apostólico, abriu uma investigação que acabou revelando mais segredos do que respostas. Ele começou entrevistando Michele De Nittis, um canônigo que já havia denunciado o frade na década de 1920. Mesmo quando o assistente do monsenhor, Giovanni Barberini, não encontrou nada suspeito nas cartas de Pio, as autoridades impuseram restrições rígidas que limitavam o contato do santo com os fiéis.
Essas medidas incluíam a proibição de ouvir confissões fora do convento e a redução das visitas públicas. Para alguns críticos, o bloqueio evidenciava um preconceito institucional; para outros, era um procedimento cauteloso diante de alegações tão extraordinárias.

Estigmas, temperamento e a forma como a mídia retrata o caso
O ponto mais comentado – e que ainda gera dúvidas – são os estigmas. Segundo relatos, em setembro de 1918, enquanto rezava diante de um crucifixo, Pio recebeu feridas nas mãos, pés e lado, semelhantes às de Cristo. As marcas sangraram por cinquenta anos e desapareceram pouco antes de sua morte em 1968. Médicos da época fizeram exames, mas chegaram a conclusões divergentes: alguns descartaram explicação sobrenatural, enquanto outros reconheciam que nada na medicina da época explicava o fenômeno.
Essa ambiguidade alimenta a discussão até hoje. Grupos céticos citam a falta de provas científicas empíricas, enquanto devotos apontam o caráter inexplicável como sinal de santidade.
Além dos estigmas, há relatos de que Padre Pio tinha um temperamento forte. Testemunhas falaram de explosões de irritação, especialmente quando ficava sem sono após longas horas no confessionário. Uma história famosa envolve uma atriz que foi expulsa da confissão porque o santo sentiu que ela não se arrependia de verdade. Ela chegou a chamá‑lo de “qualquer coisa, menos santo”, mas depois voltou, dizendo que precisou da orientação dele.
Nos dias de hoje, o santo ainda desperta críticas de quem o vê como um anacronismo. Alguns blogs descrevem-no como “uma anomalia medieval” que não cabe no mundo moderno. Comparações são feitas a outros santos milagrosos, como José de Copertino, conhecido por supostamente levitar ao ver a estátua da Virgem.
O cinema também entrou nessa discussão. O filme "El misterio del Padre Pío", de José María Zavala, recebeu críticas por focar demais na perseguição que o frade sofreu e pouco na biografia completa. Alguns críticos argumentam que a produção transforma a história em drama histórico, destacando a miséria dos camponeses de San Giovanni Rotondo e a repressão aos socialistas, enquanto minimiza a dimensão espiritual que atrai milhões de peregrinos.
Mesmo com as controvérsias, a devoção não desaparece. Fiéis lembram a generosidade de Padre Pio, suas doações aos pobres e o conforto que trouxe ao confessor. Para eles, o valor espiritual supera qualquer disputa sobre fenômenos físicos ou questões de personalidade.
Trabalho como jornalista especializada em notícias do dia a dia no Brasil. Escrever sobre os acontecimentos diários me traz grande satisfação. Além da escrita, adoro discutir e argumentar sobre o andamento das notícias no país.