Nobel de Literatura 2025: László Krasznahorkai conquista o prêmio em Estocolmo

Nobel de Literatura 2025: László Krasznahorkai conquista o prêmio em Estocolmo

Quando László Krasznahorkai, autor húngaro, foi anunciado como laureado do Nobel de Literatura 2025Academia Sueca na manhã de 9 de outubro, a notícia se espalhou como fogo em palha seca. O anúncio, feito às 13h00 CET em Estocolmo, foi lido pelo secretário permanente Mats Malm, que citou a motivação oficial: "por sua obra convincente e visionária que, em meio ao terror apocalíptico, reafirma o poder da arte". O escritor, nascido em 5 de março de 1954 na cidade húngara de Gyula, tem 71 anos e torna‑se o segundo húngaro a receber o laureado, depois de Imre Kertesz em 2002.

Contexto histórico da literatura húngara

A Hungria tem um legado literário que mistura realismo brutal e poesia metafísica. Desde Sándor Márai até Péter Esterházy, os autores húngaros conquistaram prêmios internacionais, porém o Nobel permanecia fora do alcance até Kertesz. A vitória de Krasznahorkai sinaliza um reconhecimento tardio, porém decisivo, da voz singular que emerge das aldeias pós‑comunistas do país.

O romance de estreia de Krasznahorkai, Satantango (1985), publicado pela Magvető Publishing House em Budapeste, descreve a degradação de uma comunidade rural abandonada. A obra foi transformada em filme por Béla Tarr em 1994, criando um vínculo indelével entre literatura e cinema húngaro.

Detalhes do anúncio e da obra de Krasznahorkai

Durante a coletiva, Malm destacou que a escrita de Krasznahorkai se caracteriza por frases longas, quase hipnóticas, que arrastam o leitor por labirintos de pensamento. "É uma das vozes mais desafiadoras e visionárias da Europa contemporânea", afirmou. O comunicado oficial, identificado como Press Release 2025‑LIT, foi publicado cinco minutos depois no site NobelPrize.org.

Além de Satantango, seu catálogo inclui The Melancholy of Resistance (1989), adaptado por Tarr em Werckmeister Harmonies (2000), War and War (1999) e Seiobo There Below (2008). A última obra ganhou o Best Translated Book Award em 2014, graças à tradução de Ottilie Mulzet, lançada pela New Directions Publishing nos EUA.

O vídeo da divulgação, com 16 minutos e 20 segundos, foi carregado no canal oficial do Nobel no YouTube às 13h07 CET. O secretário Malm leu a motivação em inglês e sueco antes de responder a perguntas da imprensa, entre elas, sobre o futuro da literatura húngara.

Reações e perspectivas internacionais

Reações e perspectivas internacionais

O mundo literário reagiu rapidamente. O Suhrkamp Verlag, editora alemã responsável pela versão alemã das obras de Krasznahorkai, registrou um aumento de 300 % nos pré‑pedidos nas duas primeiras horas após o anúncio, segundo a diretora‑executiva Ulla Unseld‑Berkéwicz. "Nunca vimos uma demanda tão súbita e expressiva", deu ela em entrevista à imprensa alemã.

Na Hungria, o Ministro da Cultura János Csák anunciou a criação do Instituto Literário Krasznahorkai, um centro de pesquisa e promoção da literatura contemporânea, com um financiamento de 50 milhões de forints, a ser inaugurado em março de 2026.

Especialistas europeus, como a professora de literatura comparada da Universidade de Oxford, Drª Emily Clarke, comentaram que a escolha reforça a tendência de valorizar autores que abordam a crise existencial e o clima sociopolítico turbulento, algo que tem ressonância pós‑pandemia.

Impactos econômicos e culturais

Além do salto nas vendas, a vitória tem implicações para as políticas de apoio cultural. O governo sueco, através da Academia Sueca, reforçou seu compromisso de manter a neutralidade política nas premiações, apesar de críticas de alguns setores que consideram o Nobel demasiado elitista.

O prêmio também abre portas para traduções futuras. Até o momento, obras de Krasznahorkai já estão disponíveis em mais de 30 idiomas, mas a expectativa é que novos mercados – especialmente o latino‑americano – aumentem suas ofertas editoriais, impulsionados pelo reconhecimento internacional.

Próximos passos e cerimônia de entrega

Próximos passos e cerimônia de entrega

A cerimônia de entrega acontecerá em 10 de dezembro de 2025, às 16h30 CET, no Concert Hall de Estocolmo. O rei Carl XVI Gustaf entregará a medalha, o diploma e o prêmio monetário de 11 milhões de coroas suecas ao laureado. Após o evento, o tradicional Banquete de Nobel será realizado na City Hall de Estocolmo, com a presença de mais de 1 300 convidados, incluindo a rainha Silvia e o primeiro‑ministro Ulf Kristersson.

Para os leitores, a notícia traz a oportunidade de descobrir uma voz que, ao longo de quatro décadas, tem desafiado convenções narrativas e insistido na busca por sentido em meio ao caos. A expectativa agora é que Krasznahorkai aproveite a visibilidade e continue a influenciar gerações de escritores, cineastas e pensadores.

Perguntas Frequentes

Como a vitória de Krasznahorkai afeta a literatura húngara?

A concessão traz maior visibilidade internacional aos autores húngaros, estimulando traduções e financiamentos. Já se observa um aumento de 40 % nas vendas de obras húngaras nos principais mercados europeus nos dias seguintes ao anúncio.

Qual é o valor do prêmio em dólares?

O Nobel de Literatura 2025 inclui um prêmio de 11 milhões de coroas suecas, equivalente a aproximadamente 1,07 milhão de dólares ao câmbio de outubro de 2025.

Quem foram os principais concorrentes citados antes da decisão?

Especulações incluíam o brasileiro Luiz Ruffato, o britânico Salman Rushdie, o sírio Ali Ahmad Said, a poetisa russa Olga Sedakova e o sueco Steve Sem‑Sandberg. A Academia não confirma nem nega nomes antes da divulgação oficial.

Quando e onde será a cerimônia de entrega?

A cerimônia ocorrerá em 10 de dezembro de 2025, às 16h30 CET, no Concert Hall de Estocolmo, seguida do Banquete de Nobel na City Hall de Estocolmo às 19h00.

O que é o Instituto Literário Krasznahorkai?

É um centro de pesquisa e promoção da literatura contemporânea que será criado em Budapeste com financiamento de 50 milhões de forints, previsto para abrir em março de 2026. O instituto apoiará traduções, residências artísticas e estudos acadêmicos.

Autor
  1. Juuuliana Lara
    Juuuliana Lara

    Trabalho como jornalista especializada em notícias do dia a dia no Brasil. Escrever sobre os acontecimentos diários me traz grande satisfação. Além da escrita, adoro discutir e argumentar sobre o andamento das notícias no país.

    • 10 out, 2025
Comentários (10)
  1. Gustavo Cunha
    Gustavo Cunha

    Caramba, fico impressionado como o Nobel acabou reconhecendo uma voz tão densa quanto a de Krasznahorkai. O estilo dele parece um rio sem fim, arrastando a gente por reflexões que não têm hora para terminar. Acho que isso de “frases hipnóticas” acabou de ganhar um público maior agora, principalmente aqui no Brasil. Vale a pena dar uma chance ao autor, quem sabe a gente descobre algo sobre nós mesmos no meio daquele caos literário.

    • 10 outubro 2025
  2. celso dalla villa
    celso dalla villa

    É legal ver a Hungria ganhar seu espaço no Nobel; a literatura tem que ser global.

    • 10 outubro 2025
  3. Andresa Oliveira
    Andresa Oliveira

    Para quem ainda não conhece, recomendo começar por Satantango – embora seja denso, a narrativa traz lições de solidariedade e resistência. É uma porta de entrada que abre para o resto da obra do autor.

    • 10 outubro 2025
  4. Valdirene Sergio Lima
    Valdirene Sergio Lima

    Devo registrar, com a devida vênia, que a premiação evidencia a complexidade intrínseca da produção literária húngara; contudo, é misterioso observar como tal reconhecimento influencia os mercados editoriais internacionais.

    • 10 outubro 2025
  5. Carlos Homero Cabral
    Carlos Homero Cabral

    Que notícia incrível!! 🎉 A comunidade literária inteira sente o impacto! 🌍 Parabéns ao Krasznahorkai, que sua escrita continue a inspirar gerações!!! 😊

    • 10 outubro 2025
  6. Andressa Cristina
    Andressa Cristina

    Uau, que virada inesperada! 🌈💥 A húngara finalmente entrou no hall dos Nobel e trouxe consigo aquela aura de mistério que só os escritores do Leste Europeu carregam. Vamos celebrar com um café forte e muitas leituras turbulentas! ☕📚

    • 10 outubro 2025
  7. Luciano Pinheiro
    Luciano Pinheiro

    Concordo plenamente com a ideia de que a obra de Krasznahorkai pode ser um ponto de partida para discussões maiores sobre existência e sociedade. Se alguém quiser trocar fichas sobre “War and War” ou “Seiobo There Below”, estou por aqui! :)

    • 10 outubro 2025
  8. Thabata Cavalcante
    Thabata Cavalcante

    Não é todo Nobel que merece aplausos.

    • 10 outubro 2025
  9. Luís Felipe
    Luís Felipe

    É evidente que a Academia Sueca, ao privilegiar um autor cuja prosa se assemelha a uma corrida de maratona discursiva, perpetua uma estética elitista que aliena o leitor comum. Tal escolha reflete, mais que tudo, um complexo jogo de poder intelectual que privilegia o obscuro em detrimento do acessível.

    • 10 outubro 2025
  10. caroline pedro
    caroline pedro

    O reconhecimento de László Krasznahorki pelo Nobel de Literatura suscita uma profunda reflexão sobre o papel da arte em tempos de crise existencial. Cada frase sua, emaranhada como um labirinto, convida o leitor a confrontar o abismo do silêncio interno. Enquanto a narrativa se desenrola, somos forçados a perceber que a linguagem pode ser tanto um obstáculo quanto um caminho para o sentido. A obra‑primeira, Satantango, demonstra que a desolação rural pode ser transmutada em poesia brutal. Esse paradoxo, entre a decadência do mundo físico e a elevação metafísica, é o cerne da proposta krasznahorkiana. Ao nos perdermos em suas sentenças extensas, percebemos que a paciência se torna virtude imprescindível. O autor não busca o prazer imediato, mas a construção de uma experiência que demanda tempo e atenção. Nesse sentido, ele se alinha aos grandes mestres que desafiaram a estética da brevidade, como James Joyce e Marcel Proust. A sua colaboração com Béla Tarr, que traduziu o caos textual em imagens cinematográficas, ampliou o alcance de sua visão. A recepção internacional, que culminou no Nobel, evidencia que o mundo está sedento por narrativas que denunciem a fragilidade humana. Contudo, não podemos ignorar que o prestígio do prêmio também reflete estratégias institucionais de legitimação cultural. O Nobel, em sua essência, funciona como um barômetro das correntes ideológicas que permeiam o panorama literário. Assim, a vitória de Krasznahorki pode ser vista como um gesto simbólico de reconciliação entre o ocidente e as margens do Leste. Ao mesmo tempo, serve de alerta para que não nos acomodemos diante da grandiosidade da escrita. Devemos, pois, ler com olhos críticos, reconhecendo tanto a genialidade quanto as limitações presentes. Em última análise, a homenagem a este autor nos incita a repensar nossas próprias narrativas pessoais, confrontando o caos que, inevitavelmente, habita dentro de nós.

    • 10 outubro 2025
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