Ausência da Ministra da Cultura no Funeral de Cacá Diegues Gera Polêmica

Ausência da Ministra da Cultura no Funeral de Cacá Diegues Gera Polêmica

A despedida a Cacá Diegues, um dos cineastas mais renomados do Brasil, virou palco de uma controvérsias no cenário cultural brasileiro. Em 17 de fevereiro de 2025, a ausência de Margareth Menezes, Ministra da Cultura, no funeral do diretor, conhecido por filmes como Adeus Brasil e Deus é Brasileiro, gerou críticas intensas entre a comunidade cultural do Rio de Janeiro.

Diegues, uma figura lendária do Cinema Novo, dedicou sua carreira a tratar de temas como a desigualdade social e a representação afro-brasileira, temas especialmente significativos no cenário nacional. Sua ausência, vista por muitos como um desrespeito simbólico, ganhou ainda mais relevo em meio ao cenário de insatisfação gerado por cortes no orçamento cultural promovidos por Menezes. Essa falta de apoio à cultura tem sido apontada como uma estratégia política alinhada ao governo Lula, o que alguns setores veem como uma forma de subestimar o valor de ícones culturais em prol de outras prioridades governamentais.

O falecimento de Diegues foi um momento de reflexão para muitos artistas que viam nele um elo importante entre ativismo e inovação cinematográfica. Ele foi, por muito tempo, uma voz ativa contra a censura durante a ditadura militar, usando os Centros Populares de Cultura como plataformas de resistência cultural. Artistas e intelectuais se manifestaram, demonstrando frustração com a situação, e levantaram questões sobre a real prioridade dada ao patrimônio artístico do país.

Na ocasião, as discussões culturalmente carregadas foram além do âmbito do respeito póstumo. Elas refletiram uma crescente tensão entre o governo e instituições culturais, alimentada por preocupações quanto à visibilidade e apoio às artes em tempos de cortes financeiros e mudanças de políticas. Muitos questionam se as escolhas políticas estão sendo guiadas por uma estratégia a curto prazo que ignora riscos de erosão de longo prazo da identidade cultural brasileira.

Com crescente pressão sobre a ministra, o episódio no funeral de Diegues destaca as complexas interações entre política e cultura, revivendo debates sobre o papel do Estado na promoção e preservação das artes no Brasil. É um momento crucial para a reflexão sobre como esses conflitos podem ser abordados, considerando a rica contribuição da cultura para a sociedade.

Autor
  1. Juuuliana Lara
    Juuuliana Lara

    Trabalho como jornalista especializada em notícias do dia a dia no Brasil. Escrever sobre os acontecimentos diários me traz grande satisfação. Além da escrita, adoro discutir e argumentar sobre o andamento das notícias no país.

    • 18 fev, 2025
Comentários (5)
  1. Leandro Bordoni
    Leandro Bordoni

    Cacá Diegues foi muito mais que um diretor. Ele construiu pontes entre o cinema e a luta por justiça social. A ausência da ministra não foi um esquecimento - foi um sinal. Um sinal de que, pra alguns, cultura é decoração, não espinha dorsal da nação.

    Quando você corta orçamento de cinema, mas libera bilhões pra publicidade oficial, você está dizendo que quer cidadãos consumidores, não cidadãos pensantes.

    Ele filmou os invisíveis. E agora, no funeral, os invisíveis são os que ainda acreditam que arte tem valor.

    Isso não é sobre respeito póstumo. É sobre quem tem voz e quem é silenciado. E aí, quem está mesmo no poder?

    Se a cultura é o espelho da sociedade, então o espelho tá quebrado.

    Quem se importa com isso? Muitos. Mas quem faz algo? Poucos.

    • 18 fevereiro 2025
  2. Edson Hoppe
    Edson Hoppe

    Ministra da Cultura ausente? Tá bom, agora a gente vai pedir licença pro governo pra chorar os heróis?

    Esse país tá vindo de baixo e tá com medo de olhar pro espelho. Se Cacá fosse político, ele tava no palco com eles. Mas ele tava no set, com a câmera na mão, mostrando a verdade que eles não querem ver.

    Se a cultura não é prioridade, então o que é? O que? O que? O que?

    Essa turma acha que o povo esquece. Mas a gente não esquece. A gente guarda. A gente grava. A gente passa pra frente.

    Se ela não foi ao funeral, que pelo menos não apareça no meu filme.

    • 18 fevereiro 2025
  3. Camila Lasarte
    Camila Lasarte

    É inadmissível que uma figura tão emblemática como Cacá Diegues seja tratado com tamanha indiferença por quem deveria representar a cultura nacional. A ministra, em sua posição, tem o dever moral - não apenas institucional - de honrar os que construíram a alma do nosso país. A ausência dela não é um erro administrativo; é uma falha ética. E isso não pode ser banalizado com justificativas vazias de agenda ou logística. A cultura não é um departamento. É a memória viva de um povo. E quando se ignora a memória, se apaga o futuro.

    • 18 fevereiro 2025
  4. EDMAR CALVIS
    EDMAR CALVIS

    É importante contextualizar: a ausência da ministra não é um evento isolado, mas sim um sintoma de um sistema estrutural que reduz a cultura a um item orçamentário, e não a um direito constitucional. A Constituição Federal, em seu artigo 215, garante o direito à cultura - e a política atual, ao cortar investimentos em cinema, teatro, bibliotecas e centros culturais, está violando esse princípio.

    Diegues, ao fazer filmes como 'Deus é Brasileiro', não apenas retratou a realidade; ele a reivindicou. Ele deu visibilidade àquilo que o poder queria manter na sombra.

    Portanto, a ausência dela é um ato simbólico de continuidade de uma política de apagamento - e não de reconhecimento.

    Isso não é sobre um funeral. É sobre a legitimidade do Estado em relação à sua própria identidade.

    Se o Estado não reconhece seus heróis culturais, ele não merece ser chamado de Estado.

    É preciso pressionar, documentar, denunciar. Não basta lamentar. É preciso agir.

    • 18 fevereiro 2025
  5. Jonatas Bernardes
    Jonatas Bernardes

    Eu acho que todo mundo tá exagerando com essa história da ministra não ir ao funeral… sério? Será que o povo tá tão perdido que precisa de um gesto simbólico pra sentir que a cultura ainda existe? 😅

    Cacá Diegues tá no cinema, tá no coração dos que viram 'Adeus Brasil' chorando no escuro, tá na voz de quem canta samba na roda e fala de racismo sem medo… ele tá vivo, e não precisa de uma ministra pra validar isso.

    Se a cultura fosse só sobre presença em enterros, a gente tava todos mortos desde 2018.

    E aí, se ela não foi… quem foi? Os que realmente entendem que cultura é feita de ação, não de foto com caixão.

    Se você quer homenagear, faça um filme. Faça um mural. Faça um ato. Não fique só no Facebook chorando por um gesto que não muda nada.

    Eu acho que a ministra tá mais ocupada tentando salvar o orçamento do que fingir que se importa… e isso, na verdade, é mais honesto do que um discurso vazio no cemitério.

    Se a gente parar de exigir gestos e começar a construir, talvez aí a gente realmente mude algo. 🤷‍♂️

    • 18 fevereiro 2025
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