Tragédia impulsiona mudanças drásticas na aviação da Coreia do Sul
Uma cena inacreditável marcou os últimos dias de 2024 na Coreia do Sul: o acidente com o voo 2216 da Jeju Air chocou o país. O Boeing 737-800 caiu enquanto tentava pousar no Aeroporto Internacional de Muan, matando 179 das 181 pessoas a bordo. Uma tragédia que não deixou espaço para desculpas – e expôs de vez velhos riscos estruturais.
Logo após o desastre, o Ministério da Terra, Infraestrutura e Transporte da Coreia do Sul assumiu que mudanças profundas precisavam acontecer. O foco imediato caiu sobre um detalhe crucial: uma estrutura de concreto com dois metros de altura onde ficava instalado o localizador de pouso. Essa construção, pensada para abrigar o equipamento de navegação, foi apontada como possível agravante do acidente. Pior ainda, estruturas semelhantes existem em outros três aeroportos do país.
Num movimento raro de rapidez, o governo determinou inspeções em todos os aeroportos nacionais até 24 de janeiro de 2025. O objetivo é simples: remover ou reconstruir instalações consideradas perigosas próximas às pistas. Nada de esperar um novo acidente para agir.

Revisão total nas operações e plano de segurança inovador
Mas as mudanças não vão parar na engenharia. A Coreia do Sul está de olho também no lado humano do controle de tráfego aéreo. Todas as 18 centrais de controle do espaço aéreo passarão por avaliações detalhadas, que vão desde análise de riscos operacionais até revisão completa do quadro de funcionários — ninguém quer correr o risco de ter falhas por conta de equipes reduzidas ou sobrecarregadas.
Além disso, as companhias aéreas serão auditadas, com especial atenção às normas de manutenção e segurança. A ideia é eliminar a rotina de papel passado e garantir, de fato, que todas as práticas estejam dentro dos melhores padrões internacionais.
Um novo e ambicioso plano de segurança aeroportuária também está a caminho. O governo prometeu colocar especialistas do setor privado para ajudar a redesenhar tudo, criando regras e recomendações alinhadas às tecnologias e desafios recorrentes do setor aéreo. O resultado desse pacote deve ser apresentado até abril de 2025.
Enquanto o país se recupera do choque, os olhos do governo também miram o futuro: obras de ampliação do Aeroporto Internacional de Incheon prometem capacidade para até 130 milhões de passageiros por ano até 2030. Para que uma tragédia como a da Jeju Air não volte a acontecer, há consenso de que cada novo passo precisa ser tão seguro quanto possível.
Agora, a cobrança recai sobre cada detalhe – desde as pistas de pouso até sistemas elétricos e gravação de dados de voo, já que, no acidente, as caixas-pretas deixaram de funcionar antes do impacto. Para pilotos, passageiros e famílias que enfrentaram a noite do dia 29 de dezembro, só uma resposta interessa: garantir que voar na Coreia do Sul volte a ser sinônimo de segurança, e não de incerteza.
Trabalho como jornalista especializada em notícias do dia a dia no Brasil. Escrever sobre os acontecimentos diários me traz grande satisfação. Além da escrita, adoro discutir e argumentar sobre o andamento das notícias no país.